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Preço do aluguel cai em todos os bairros do Rio em janeiro e fevereiro
Os dois primeiros meses de 2016 apontaram queda no aluguel dos imóveis de um a quatro quartos do tipo “apartamentos-padrão” em todos os bairros analisados pelo Sindicato de Habitação do Rio de Janeiro (Secovi Rio), em comparação com os mesmos períodos do ano anterior.
Em fevereiro, a maior queda ocorreu no Flamengo, na Zona Sul. Em um ano, o aluguel neste tipo de imóvel ficou 16,80% mais barato, seguido de Ipanema (recuo de 16,07%), bairro que encabeçou a lista em janeiro, com queda de 17,84% no valor da locação. No Flamengo, caiu 17,51%.
Segundo Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, a presença dos dois bairros nos primeiros e segundos lugares de queda do valor da locação, nos dois primeiros meses do ano, ocorreu por causas distintas.
“Ipanema era onde encontravam os valores mais altos junto com o Leblon. Naturalmente entendemos que em algum momento eles tendem a cair com percentuais mais altos para se ajustar. As pessoas estão deixando de procurar imóveis de valores maiores para buscar menores. Está ocorrendo uma espécie de migração. Imóveis de mais alto luxo estão caindo mais”, analisou.
“O Flamengo talvez tenha sido excesso de oferta na região. No bairro, há grande quantidade de imóveis. Há muitos investidores, muita gente com imóveis para fazer renda. Talvez o excesso de oferta tenha contribuído para cair, como a demanda está muito retraída. A gente vive um momento complicado, de oferta crescente”, completou.
Os bairros que mostraram menor queda no preço do aluguel foram Jacarepaguá, na Zona Oeste, com queda de 3,51% em fevereiro e 2,60% em janeiro, seguido da Ilha do Governador, com recuo de 4,96% em fevereiro e 4,01 em janeiro. Para o especialista, contudo, estas quedas, "ainda que menores, são significativas".
“É um efeito cascata, que certa maneira acaba se tornando uma cachoeira. Há uma retração muito forte da demanda. As pessoas estão adiando seus planos. Há perda da confiança em relação a investimento do país, ao cenário político econômico. As pessoas não querem se comprometer muito. Tem gente que está entregando imóveis para voltar a morar com os pais”, concluiu.
Bom momento para negociar
Para o vice-presidente do Secovi Rio, a tendência é que o preço do aluguel continue a cair em 2016 na capital fluminense.
"Acho que enquanto não tivermos uma definição em relação à questão econômica, a tendência é ficar nisso. Os jogos [Olímpicos] acabam movimentando outro segmento, que é o aluguel por temporada”.
O especialista acrescentou ainda que este é um bom momento para inquilino negociar o contrato de aluguel com o proprietário.
“O mercado virou. O seu poder de barganha está maior. O proprietário que tem aluguel muito antigo, seria importante flexibilizar. Se ele perder esse contrato, tem risco de ficar com imóvel vazio”, garantiu.Oferta cresceu 60%
Enquanto as pessoas estão deixando de procurar imóveis para alugar, a disponibilidade de apartamentos para locação cresceu em torno de 60%, afirmou o vice-presidente do Secovi. De acordo com ele, é a maior oferta dos últimos dez anos.
“Então, aqueles investidores que compraram no auge do mercado, em 2012 e 2011, para viver de renda, colocaram esses imóveis para alugar e a oferta cresceu muito. Até porque o mercado de venda está parado”, ressaltou.
Preço de venda
O maior recuo de preços dos imóveis à venda em fevereiro foi observado em Bangu, na Zona Oeste, com queda de 6,41%, seguido do Leblon, com queda de 6,04%, também em comparação com o mesmo mês em 2015. Para esta análise, também foram coletados apenas imóveis de um a quatro quartos, do tipo "apartamentos-padrão" usados.
“No Leblon, os preços não estão caindo como locação porque locação é uma variação muito mais rápida. Quando o mercado está em queda, a locação despenca na mesma hora porque o proprietário que não está conseguindo alugar, abaixa [o valor]. Em venda, não é assim, porque é o valor do patrimônio dele. Ele não vai baixar de um dia para o outro, vai tentar ir descendo [o preço]. E vai chegar a um patamar que não vai querer vender e ele vai querer segurar”, explicou.
Em janeiro, porém, o Leblon, na Zona Sul, foi o bairro que apresentou a maior queda entre os preços de imóveis à venda (queda de 7,01%), em comparação com o mesmo mês em 2015, seguido de Copacabana, com recuo de 4,99%.
Lagoa e Recreio valorizaram
Na contramão da desvalorização, o valor dos imóveis para venda na Lagoa, na Zona Sul, cresceu 4,07% em fevereiro, seguido do Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste, que mostrou alta de 3,55%. Em janeiro, em Bangu subiu 1,96%, em comparação com o mesmo mês do ano anterior, seguido da Lagoa, com 1,78%.
“São casos isolados. Recreio vinha caindo muito pelo excesso de oferta. Recreio, como tem muita flexibilização, acaba que pode ter uma influência, uma migração, uma procura maior justamente nesse período. Como tem boas oportunidades a serem feitas, talvez tenha valorizado”, disse.
“A tendência é de ajuste, de acomodação de queda. A tendência é de queda na Lagoa. É preciso encarar [essa alta] como um pico pode ser algum lançamento. Não tem nada que justifique. Tem questão de evento olímpico, e é mais porque teve um ou outro lançamento [imobiliário], concluiu.
(G1)
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