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Conta de luz pode ter redução maior em março, diz ONS
As tarifas de energia elétrica poderão ter redução ainda maior que o esperado a partir de março, informou o diretor-geral da Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp. Segundo ele, isso será possível caso o volume de chuvas permita o desligamento de um número maior de termelétricas. O assunto será discutido em reunião do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE), no próximo dia 2 de março. O debate levará em conta a avaliação da afluência dos rios e das condições dos reservatórios das usinas.
O governo já havia anunciado que, a partir de 1º de março, a cobrança extra da bandeira tarifária nas contas de luz cairá dos atuais R$ 3, do nível 1 da bandeira vermelha, para R$ 1,50, da bandeira amarela, a cada cem quilowatts-hora (kWh) consumidos. A redução será possível com o desligamento das termelétricas mais caras, que tem custo acima de R$ 420 por megawatt-hora (MWh).
Impacto em encargos setoriais
Chipp explica que mesmo que um número maior de termelétricas seja desligada, isso não significará mudança da bandeira para a cor verde a partir de março. Segundo ele, os estudos do ONS que serão encaminhados ao comitê ainda não foram concluídos:
— Fevereiro não foi tão favorável em termos de afluência hidrológica como janeiro. Mas, dependendo da evolução da hidrologia na primeira quinzena de março, pode-se ter uma redução nas tarifas, com o desligamento de mais termelétricas, mas mantendo a bandeira amarela.
A decisão de tirar mais termelétricas de operação dependerá, segundo Chipp, das estimativas do volume de água nos reservatórios até novembro, quando começa o período de chuvas. A conta de luz pode ter um desconto maior — mesmo sem uma alteração na bandeira amarela — porque os custos de geração de energia termelétrica são mais altos e incidem em alguns encargos setoriais embutidos na conta de luz de todos os consumidores, como a Conta de Consumo de Combustível (CCC) e a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE).
No último domingo, segundo dados do ONS, foram gerados 7.514 megawatts médios de energia térmica, o que representa 13,14% do consumo total, de 57.189 megawatts médios. Nessa data, o nível dos reservatórios das regiões Sudeste e Centro-Oeste estava em 49,6%, o maior patamar desde agosto de 2013, quando foi de 55%. Já no Nordeste, o nível dos reservatórios das usinas está em 30,5%, o maior desde julho de 2014, quando foi de 32,3%.
Efeito do horário de verão
Chipp destacou os resultados obtidos durante o horário de verão, que terminou à meia-noite de domingo. Nesse período, o menor consumo de energia nos horários de pico resultou em redução de gastos de R$ 162 milhões com a geração de termelétricas.
Nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste houve redução da demanda no horário de pico de cerca de 2.600 MW. Deste total, 1.950 MW são referentes ao subsistema Sudeste e Centro-Oeste e 650 MW referentes ao Sul. De acordo com Chipp, a redução representou 4,5% da demanda no horário de pico nessas regiões.
Quando se considera o resultado durante todo o horário de verão — não apenas nas horas de pico — a redução no consumo foi de 1.040 megawatts médios nessas regiões.
— Além do benefício econômico com a redução de gastos com as termelétricas, o horário de verão permitiu armazenar mais água nos reservatórios das usinas, com redução no consumo de 1.040 megawatts médios, que seriam gastos independentemente da retração da economia — disse.
Chipp defende que os resultados obtidos no horário de verão representam economia significativa nos investimentos para ampliar a capacidade de oferta do sistema elétrico. Somente para oferecer os 2.600 MW economizados em horário de pico, seriam necessários R$ 7,7 bilhões:
— Deixo de ter a necessidade de fazer esses investimentos elevados para atender à demanda nos horários de pico. O horário de verão é benéfico para o setor elétrico e para o consumidor, pois melhora a qualidade dos serviços do sistema.
(O Globo)
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