lho no pé de moleque

De olho no pé de moleque

  A Prefeitura enviou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) um projeto para a manutenção de parte do piso em estilo pé de moleque da Rua da Constituição, revelado durante as obras de implantação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT). O município aguarda apenas a aprovação do órgão, para que possa alterar o projeto inicial de pavimentação previsto para o local. A mesma medida foi adotada na Avenida Rio Branco, depois da descoberta do calçamento antigo. A preservação mobiliza historiadores, restauradores, museólogos e entusiastas de diversos segmentos. Eles pedem a preservação de parte do piso, como legado de referência do processo de urbanização pelo qual a cidade passou em seus 450 anos. O piso de pedras irregulares no chão batido foi revelado há cerca de três meses, quando as obras do VLT chegaram ao trecho da Rua da Constituição, entre a Praça Tiradentes e o Campo de Santana. Muito comum no período colonial, atualmente o pé de moleque é conservado em poucos locais da cidade, como a Ladeira da Misericórdia, no Centro, e em algumas ruas do Cosme Velho e de Santa Teresa. - Foi um grande achado para a cidade. As obras preveem encobri- lo, mas queremos deixá- lo à mostra para servir de referência para as futuras gerações. A nossa proposta é que a nova pavimentação seja feita deixando quadrados com cobertura de placas de vidro, para que o pé de moleque possa ser visto - explica o restaurador Marconi Marques de Andrade, um dos profissionais à frente da mobilização. Dono de uma livraria no trecho em obras, Renato Eduardo Pereira é um entusiasta da iniciativa. Ele acredita que a medida poderá contribuir para aumentar o movimento de visitantes no local: - Acho que deixar partes do antigo piso aparentes pode ficar bom. Em Portugal, eu vi uma rua exatamente assim: asfaltada, mas com placas de vidro que permitem ver o antigo pavimento. Supervisora de uma loja de móveis na rua, Liliana Vila Nova concorda: - Acho que a manutenção será mais difícil. Mas, se fizerem, a rua vai ficar mais bonita, com clima de interior. Também envolvida na mobilização para manter o calçamento, a historiadora Sheila Castelo está esperançosa: - Já estamos em contato com alguns vereadores e vamos ao prefeito. Nosso objetivo é convencer todos da importância de mantermos a história ao alcance das pessoas. Isso é muito significativo para a memória da cidade e o sentimento de pertencimento dos cariocas. PROPOSTA ENVIADA AO IPHAN Em nota, a prefeitura informa que a proposta encaminhada ao Iphan prevê a adequação de projeto em trecho da obra na Rua da Constituição "de modo a preservar uma porção do piso pé de moleque, que será elevado e ficará exposto". Com 28 quilômetros de trilhos, o VLT vai ligar diferentes pontos do Centro e da Região Portuária. Serão 32 paradas. Com funcionamento 24 horas por dia, sete dias por semana, o sistema terá capacidade para transportar 300 mil passageiros diariamente. (O Globo) < Voltar