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Morar perto do mar está mais fácil
A elevação dos preços de imóveis nos últimos anos começa a dar sinais de enfraquecimento, sobretudo para quem busca um aluguel na Zona Sul. Só em Ipanema, os preços caíram mais de 10%. Os valores ainda não são os mais atraentes, mas a queda ocorre em todas as regiões da cidade.
Um levantamento divulgado nesta semana pelo Sindicato de Habitação do Rio de Janeiro (Secovi-RJ) demonstrou o que inquilinos já têm encontrado nas ruas: uma queda no valor da locação de imóveis em 14 de 18 bairros da cidade.
Esta redução é verificada tanto se forem comparados os preços de julho do ano passado a junho deste ano como também os de agora com os do mês passado. De acordo com Leonardo Schneider, vice-presidente do Secovi Rio, a queda se deve a dois fatores: a redução da demanda em vista da crise econômica e o desemprego, e o aumento expressivo da oferta no município.
"A convergência destes dois fatores num mesmo espaço de tempo levou a estes números. Há muitos imóveis para alugar, muito mais do que antes, e há também uma sensação de insegurança, ninguém sabe se vai conseguir manter o seu emprego. Isso gera uma retração no mercado", explica Leonardo Schneider.
De 2014 para cá, a queda maior acontece na Zona Sul da cidade, onde a elevação de preços era mais visível, com preços fora do comum, muito acima do esperado. Por isso, vem de lá a maior redução no valor do aluguel.
"Alugar na Zona Sul no ano passado, ou há dois anos, era algo praticamente Impossível. Os preços estavam impagáveis, mesmo imóveis que não estavam em bom estado", diz a estudante de medicina Bárbara Carvalho, moradora de Copacabana. "Uma quitinete de 30 metros quadrados, por exemplo, não safa por menos de R$ 2 mil. Hoje já se acha por um preço mais em conta", compara.
A experiência da universitária, que veio de Volta Redonda, no Sul Fluminense, para estudar na capital, é mostrada pelos números. A redução no valor do aluguel em Copacabana é de 7,25% em relação ao ano passado, e 1,10% em relação a junho. Em Ipanema, foi ainda maior. A redução em relação a 2014 é de 10,20%, e de 1,31% em relação a junho.
No Jardim Botânico, chama a atenção a queda nos últimos 30 dias, que foi de 5,30%, superior aos últimos 12 meses, quando a reducão atingiu 4,58%. "A redução foi maior na Zona Sul porque, de fato, estava mais cara", explica Schneider. Os aluguéis na Zona Norte também caíram, mas a queda foi menor", completa-Leonardo Scheneider.
Gávea e Flamengo em alta
Na Zona Sul, apenas dois bairros apresentaram uma alta, bem leve, nos aluguéis na comparação feita nos últimos 30 dias. No Flamengo, foi de 1,23%; na Gávea, de 0,24%. Nos últimos 12 meses, no entanto, os dois bairros também tiveram queda significativa.
A redução na Gávea foi de 10,51%, e no Flamengo, de 8,46%. Ocorretor de imóveis Pedro Macedo tem uma explicação bem humorada para o caso: "São dados que mostram o sentimento do carioca. Viu quais são os bairros? Flamengo e Gávea. Têm a ver com o Mengão. Nos últimos 12 meses, estávamos preocupados com o time. Agora, com a chegada do Sheik e do Guerrero, os números já melhoraram", brincou o corretor que, evidentemente, é torcedor fanático do Flamengo.
Se a tendência do time é subir na tabela do Campeonato Brasileiro, a dos aluguéis continua sendo de queda, "O aumento neste mês foi um ponto fora da curva. Mês que vem deve cair de novo", aposta Macedo.
Entre os bairros da Zona Norte, o que apresentou maior queda nos aluguéis foi Vila Isabel, com incríveis 8,76% em relação a junho passado, liderando o ranking em toda a cidade.
Nos últimos 12 meses, no entanto, a redução foi de 3,73%. A Ilha do Governador também apareceu com números signifati-vos nas duas amostras. Do ano passado para cá, a redução foi de 12,69%, a maior em todas as áreas da cidade. No último mês, voltou a cair: 3.23%.
"A Ilha do Governador sempre foi um bom lugar para se morare com aluguéis relativamente em conta. Só que estava num nível absurdo. Agora as coisas estão começando a voltar à normalidade", explicou o advogado Alexandre Oliveira da Cunha, de 32 anos.
Cenário ainda é de incerteza
A possibilidade de os aluguéis continuarem a cair no Rio de Janeiro nos próximos meses é real, mas não uma certeza. De acordo com Leonardo Schneider, apesar de um cenário econômico instável, a proximidade cada vez maior com as Olimpíadas de 2016 deve frear um pouco a queda nos preços.
"Além disso, haverá uma melhora na questão da mobilidade urbana. Mas certamente a presença de estrangeiros deve segurar um pouco esta queda. Mas ainda é algo imprevisível. Vamos aguardar", disse o vice-presidente da Secovi Rio. Os cariocas, no entanto, esperam que os preços caiam ainda mais.
É o caso da economista Gisele Soares, de 26 anos. "Se encarecer, que encareça em Copacabana, no Maracanã e em Jacarepaguá, perto de onde serão as provas. O resto da cidade não aguenta mais estes preços", comentou.
Inquilino deve negociar preço com corretoras de imóveis e proprietários
Se há dois anos os cariocas criaram o bordão do "Rio surreal" devido aos preços nas alturas e a dificuldade em conseguir um imóvel, agora é a hora de o inquilino dar o troco.
As dicas dos especialistas é pechincar sempre. "A pessoa que vai à rua procurar um imóvel para alugar tem maior poder de barganha. Os ventos passaram a soprar pano outro lado. Os proprietários estão demorando muito mais tempo para alugar seus imóveis. E tem muito menos gente com dinheiro em mão s. Logo, tem mais é que pechinchar mesmo", diz Leonardo Schneider.
O corretor Pedro Macedo também concorda, mesmo dizendo que está "jogando contra o patrimônio; uma vez que ele depende das comissões para engordar o salário no fim do mês. Corretores reconhecem que mercado está desfavorável e que a pechincha funciona.
"O ideal é que o inquilino não pechinche (risos), mas no cenário atual, é melhor pechinchar e a gente fechar negócio do que o proprietário ficar sem locar, o inquilino sem morar eo corretor sem receber; brinca Pedro Macedo.
(O Dia)
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