ocas ganham área nobre na orla da Baía de Guanabara
Cariocas ganham área nobre na orla da Baía de Guanabara
Os cariocas e turistas que se encantaram com a Praça Mauá remodelada, ganharão esta semana uma área nobre até então nunca utilizada pelos moradores, desde a fundação da cidade, há 451 anos. O trecho entre o Museu do Amanhã e a Candelária foi transformado num passeio público à beira da Baía de Guanabara, e será entregue à população nos próximos dias.
“A Praça Mauá foi só um aperitivo. Esta semana vamos inaugurar este passeio, território que os cariocas não conheciam. Você não podia passar pela beira da baía, da Candelária à Praça Mauá. Agora pode. Depois, vamos inaugurar da Candelária à Praça XV. E ainda tem o Boulevard, da Praça Mauá até o Armazém 7”, contou o prefeito durante gravação do programa “Jogo do Poder”, da Rede CNT, que vai ao ar no domingo (23h15m).
O presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH), que tem recebido elogios de aliados e opositores do prefeito, está entusiasmado com a novidade.
“É uma paisagem radicalmente nova para cariocas e turistas, que agora poderão ver a Ilha das Cobras de pertinho. Esse trecho funcionava como um canal, tipo Veneza” comparou Fajardo.
Com o novo passeio, de 600 metros de extensão, será mais fácil e seguro caminhar da Praça Mauá à Candelária, formando um corredor cultural na cidade, ligando o Museu do Amanhã e o MAR (Museu de Arte do Rio) ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), à Casa França-Brasil, ao Centro Cultural dos Correios e ao Espaço Cultural da Marinha.
“Um passeio completamente diferente de tudo o que já se viu, e com a segurança de ser uma área da Marinha”, reiterou Fajardo.
Arquiteto de formação, o presidente do IRPH lembra que esta nova área será retomada graças à demolição do Elevado da Perimetral, uma obra da ditadura militar. E destaca o simbolismo deste momento na cidade.
“Estaremos muito mais próximos de uma área militar e que continuará sendo militar. É um símbolo positivo para o país” acrescentou.
No novo passeio, que será batizado de Orla Conde, em homenagem ao ex-prefeito Luiz Paulo Conde, estão alguns marcos fundamentais da história da Marinha Brasileira, que passou a ocupar a encosta em 1763, ainda nos tempos de Colônia, quando o Rio era o porto mais importante do Brasil.
Naquele período, Conde da Cunha assumiu o governo da Capitania Geral do Rio de Janeiro, com ordens de criar um estaleiro, que mais tarde viria a ser o Arsenal de Marinha do Rio.
Antes do militares, o local era controlado pelos monges do Mosteiro de São Bento, outra construção histórica que estará mais perto dos cariocas e turistas.
“Teremos uma nova perspectiva do Mosteiro e do Museu do Amanhã. Também veremos as bordas do antigo cais com suas escadas, ou seja, é o resgate de um espaço urbano naval”, completa Fajardo.
Sujeira e lixo no entorno não abala as autoridades
A exuberância da nova Praça Mauá e a imponência do Museu do Amanhã estão em permanente contraste com a sujeira e poluição da Baía de Guanabara, problema crônico que atinge o Rio e a região metropolitana desde o século passado.
As mazelas, no entanto, não são problema para o prefeito Eduardo Paes e nem para o arquiteto Washington Fajardo, presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH).
“Teremos mais contato com a Baía. Isso é ótimo. As pessoas têm postado fotos nas redes sociais da Baía suja, mas isso aumenta a consciência da população e, consequentemente, a cobrança sobre os políticos para que a gente mude esta realidade”, disse Fajardo.
“Um dos objetivos das obras era tomar estas pancadas. O Rio se chama assim porque acharam que a Baía fosse um rio. E a perimetral era um muro entre a cidade e sua razão de ser, que é a baía. E quando a população não vê, não pressiona os governos. E quando não se pressiona, os governos não fazem nada”, disse Paes.
O prefeito garantiu que cobra permanentemente da Comlurb e da Cedae explicações para a quantidade de lixo e esgoto na região.
“Quando vi nos jornais a primeira foto cheia de detrito ao lado do Museu do Amanhã, perguntei à Comlurb o que estava acontecendo. Um dos motivos de degradação foi justamente a distância que se estabeleceu entre a população e a baía”, disse.
(O Dia)
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