Móveis robotizados empurram setor imobiliário para o futuro

O coronavírus pode ser a crise que finalmente impulsionará de vez o setor imobiliário para o século 21. Agora que todo mundo está em casa, o tamanho é mais importante. E a melhor maneira de justificar os preços exorbitantes não é mais o conforto oferecido pela área de lazer; é a paz de espírito ao andar da porta de entrada até a sala de estar.

Estes são os pontos fundamentais para uma série de novas ou mais valiosas tecnologias que surgem no mercado da habitação pós-covid-19. Elas variam desde móveis robóticos, que se reinventam no interior das nossas paredes que vão encolhendo, aos incontáveis aplicativos destinados a aproximar os vizinhos.

Mas as que pegarem poderão ter implicações a longo prazo para um setor teimosamente analógico. E ainda não se sabe ao certo se estes avanços chegarão ao mercado da habitação mais terra-terra ou continuarão um nicho de luxo. Confira produtos e ideias que poderão permanecer depois que a pandemia se esgotar.

Móveis robóticos

Transformar o mobiliário não é uma ideia nova. Basta pensar na cama Murphy dobrável, patenteada há mais de um século. Mas os que tiverem de trabalhar em casa apertando-se em apartamentos-estúdio a preços absurdos poderão aplaudir uma modificação que não apenas economiza espaço como dobra como um belo fundo da Zoom.

A Ori, abreviação de “origami”, fabricante de mobiliário robótico fundada em 2015, lançou recentemente o escritório de bolso: uma mesa alongável de quase 2,13 metros de altura que graças a um toque no aplicativo vira um gabinete de 0,76 metro em uma mesa de trabalho de tamanho normal com prateleiras para guardar coisas e estantes para livros. Quando fechada, é uma TV com prateleiras e de estética escandinava: quando ela abre, com a ajuda de um sistema de trilho, se divide ao meio, criando um canto para escritório com mesa retrátil em uma parede e um console fixo do outro.

“As pessoas esperam mais do próprio espaço”, diz Hasier Larrea, fundador e diretor executivo da companhia, em um vídeo do seu apartamento de um quarto em Nova York. “Mas o metro quadrado é a coisa mais cara aqui”.

Isto sempre foi próprio das grandes cidades. Mas a política do home office e a perspectiva incerta de uma viagem diária segura para o trabalho, mesmo anos depois que o vírus retroceder, mostrou-se uma solução para a companhia, disse Larrea, segundo quem as encomendas quadruplicaram em relação ao ano passado.

Edifícios mais saudáveis

As mudanças mais importantes nos edifícios de apartamentos provavelmente serão as menos apreciadas: sistemas de higienização de superfícies, para dispersar vírus e abrandam os temores dos residentes. Há uma pressão no setor para purificar o ar e melhorar a circulação do ar nas áreas comuns, elevadores e saguões.

O objetivo é elevar o padrão de ventilação para MERV-13, uma classificação de filtragem de ar considerada eficiente, mas não perfeita, para a captura de vírus que se espalham pelo ar. Em comparação, um condicionador de ar de janela comum tem uma classificação de MERV- 8 ou menor, enquanto os hospitais usam filtros acima de MERV-16. Em todos os casos, a maioria dos especialistas concorda que não há um substituto para o distanciamento social e as máscaras faciais.

Mas a velocidade à qual algumas destas tecnologias foram lançadas exige uma análise mais cuidadosa, segundo William P. Bahnfleth, professor de engenharia arquitetônica da Penn State e presidente da força tarefa contra a epidemia da American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers.

“Para mim, soa mais como marketing do que ciência”, afirmou falando de algumas declarações a respeito da ionização e de outros produtos. “A questão é: Qual é o risco, e o que fazer para reduzi-lo?”

Nos espaços comuns e de lazer, vários síndicos informam que adotaram aplicativos para administrar os espaços. Uma beneficiária provável é a tecnologia sem contato que usa porta-chaves ou smartphones para destravar portas.

Fonte: Estadão Economia

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